terça-feira, 1 de maio de 2012


CARTA  DA  MANTIQUEIRA 

No ensejo da Cúpula Ambiental  RIO +20, quando estão sendo discutidas, internacionalmente, políticas públicas de Estado e ações coletivas que busquem harmonizar e adequar as relações da Economia e da Sociedade com o Meio Ambiente, desejamos levar à público a voz destas Montanhas.

A Mantiqueira constitui-se no mais  relevante conjunto orográfico do País, representando, com suas cadeias de montanhas e altos Picos ( Agulhas Negras, Pedra da Mina, etc) o equivalente brasileiro do sistema andino.

Seu âmbito geopolítico abrange mais de 40 municípios, distribuídos pelos três mais destacados Estados  nacionais , Minas Gerais, São Paulo e Rio de janeiro, ocupando área de cerca  de 10.000 km², comparável àquela do território do Líbano.

Por sua relevância  ecológica, sociocultural e histórica dentro do Sudeste brasileiro,  foi criada, em 1985, a Área de Proteção Ambiental da Mantiqueira ( APA ), a maior e estrategicamente a mais importante Unidade de Conservação na sua modalidade.

A Macro-Região da Mantiqueira encerra em seu espaço,  além de aquíferos, complexa rede hidrográfica , berço de inumeráveis cursos d’água, formadores de importantes  Bacias , como as do Rio Grande, gerador do Rio Paraná, que se estende até o Rio da Prata, e outras mais, como a do Rio Verde e a do Sapucaí , além de  alimentar a importante Bacia do Rio Paraíba do Sul.,  

Sob o ponto de vista ecológico-ambiental, além de representar o último grande espaço verde do eixo Rio- São Paulo, nela se encontram os derradeiros fragmentos da Mata Atlântica interior de Altitude e  remanescentes dos bosques de Araucária, sua rica biodiversidade apresentando espécies e características únicas, que precisam ser defendidas e resgatadas.    Seu papel de ponte de ligação, atravessando os três Estados, é vital para o estabelecimento dos Corredores da Biodiversidade, que devem ser incrementados e ampliados.

A Mantiqueira  representa , de fato,  uma verdadeira fábrica de água e de ar puros e seu Patrimônio Paisagístico é inigualável.

Sob o  aspecto sociocultural, a Região figura como o um dos últimos lugares, no Sudeste, que ainda mantém, entre suas comunidades, tradições e valores rurais-agrícolas familiares,  saberes imemoriais  que são fundamentos  de segurança alimentar  para o futuro e cuja preservação e resgate se revestem  de especial importância em face das  atuais e sempre crescentes crises  ambiental e climática.

Considerados esses aspectos e diante do descaso e desconhecimento com que a Mantiqueira como um todo tem sido tratada pelas sucessivas administrações, quer na esfera Federal e Estadual, quer, principalmente, no âmbito das suas municipalidades, queremos nesta mensagem registrar as justas demandas de suas comunidades rurais, de suas organizações civis não governamentais e, sobretudo, dos numerosos conservacionistas e  ambientalistas que lutam – há anos -  pela sua preservação.

A Mantiqueira, território coetâneo da História do Brasil,  verdadeiro  “País de Paisagens”, reservatório  ainda considerável de Vida Silvestre, manancial  estratégico de águas que abastecem  indústrias e milhões de habitantes ao longo do seu eixo , clama por maior atenção e cuidados por parte dos governos e organismos ambientais , os quais precisam ser prestigiados e não esvaziados como está acontecendo.

 É urgente e necessário que este inestimável Patrimônio Natural e Cultural seja protegido e preservado,  seja objeto de um planejamento integrado e que sua APA seja efetivamente implementada e tenha suas ordenanças obedecidas. Para tanto, esta mensagem também está sendo dirigida à UNESCO, no seu Programa MAB , Man and Biosphere.

Finalmente, a Mantiqueira vem -  por esta carta - expressar, firmar e confirmar sua importância geopolítica estratégica para o Sudeste e para o País. A Região não deseja ser, nem deve ser vista e tratada, meramente,  como um vazio à mercê da especulação turística desregulada e invasiva (em prejuízo de modalidades menos impactantes dessa atividade, como o agro turismo) , às expensas  de sua vocação como Reserva Natural, de suas potencialidades produtivas rurais e do seu valioso patrimônio humano e cultural.

É o que tínhamos a declarar.

Destas Montanhas saudamos, irmanadamente, a  todos os participantes, de todas as Nações Amigas que aqui estão reunidas, fazendo votos para que a RIO +20 represente um passo efetivo e mais do que urgente na direção da preservação da Terra.


      A RPPN MORRO DO ELEFANTE apoia a iniciativa da Fundação Mantiqueira e reitera suas palavras. "Apoie a Fundação e ajude a Preservar a Mantiqueira"

quarta-feira, 21 de março de 2012

UM POUCO DE NOSSA HISTÓRIA


 
O Sítio Morro do Elefante foi adquirido em 07/09/1999, era uma propriedade que nunca havia sido habitada, no entanto seus antigos proprietários tinham usado parte de suas terras como pastagem até aproximadamente o ano de 1984, prática abandonada posteriormente devido a dificuldade topográfica. Tratava-se de uma das famílias pioneiras da região, família Paranhos, descendentes antigos de portugueses, desbravadores, responsáveis pela abertura das estradas locais e produtores até hoje do queijo tipo parmesão, famoso na região.
Depois de adquirido por nós, limitamos ainda mais a área de desmatamento, enquanto o antigo proprietário usava aproximadamente 1/3 de sua área para pasto, nós passamos a usar menos de 1/10 de sua área para benfeitorias como moradia, casa do mel e pomares. O Sítio tem uma área de 39,44 ha sendo que desse montante 30,70 ha é área da RPPN, o restante é área de mata nativa 6,98 ha e apenas 1,76 ha é área de benfeitorias e pomar.





Casa do Mel e Processamento de Doces e Geléias



Logo após a compra do sítio fizemos uma pequena cabana de madeira (eucalipto) que imaginávamos seria a única morada por muito anos, pois somos professoras, nossos ganhos são modestos, no entanto o destino conspirou e conseguimos construir a casa sede, usando vários materiais de demolição, que nos foram cedidos por parentes e amigos.
Hoje temos além da cabana pioneira, a casa sede um pequeno chalé que foi construído com tijolo ecológico (feito no próprio sítio) e a Casa do Mel onde também são processados os doces e geléias produzidos no sítio.

Frutiferas em produção

Em 2005, eu Margarete Nogalis, me mudei para o sítio em definitivo, na ápoca eu morava em Paulínia (SP) e trabalhava na Associação Beneficente Parsifal (SP) como Terapeuta Social. Vim trabalhar como professora da Rede Municipal de Ensino em Bocaina de Minas. Morando no sítio pude organizar melhor os plantios, incrementar o trabalho com Apicultura e outros projetos, como a Oficina de Papel Artesanal, que funcionou na localidade de Santo Antônio do Rio Grande de 2005 até 2011, com crianças e adultos, culminando com a confecção de xilogravuras de temas locais. Posteriormente montamos agendas e cadernos com papel artesanal e todas as xilogravuras confeccionadas.

Agendas feitas com xilogravuras de temas locais e papel artesanal feitos pelos participantes do grupo de artesãos de Santo Antônio.

Trabalhei também com as mulheres da localidade, ensinando e resgatando a técnica da tecelagem manual, com um grupo inicial de 20 pessoas. Após 2 anos de trabalho voluntário com esse grupo, organizamos a Associação de Artesãos de Santo Antônio do Rio Grande, hoje existem dois pequenos pontos de venda dos trabalhos feitos pelas tecelãs locais que deram continuidade a esse trabalho.


 
Fazendo parcerias com outras pessoas da localidade pudemos trazer para cá vários cursos de capacitação tanto do SENAR - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, como do Sebrae e EPAMIG, como Fruticultura, Apicultura, Produção de Própolis, Fruticultura II e Cultivo de Oliveiras. Alguns desses cursos foram realizados aqui no Sítio, pois na época era um dos poucos sítios com fruteiras de clima semi-temperado onde poderiamos realizar vivências. Hoje, até por conta da influência de nossa experiência bem sucedida, outras pessoas já começam a diversificar o plantio de frutíferas.

 
Em Setembro de 2007, no auge da seca nesta região, passamos por momentos de profunda tristeza.Um vizinho, bastante inconsequente, ordenou que um empregado seu fizesse uma queimada para formação de pasto. Soubemos desse fato e fomos imediatamente conversar com esse vizinho, para que ele não o fizesse, pois a seca era muito severa, não chovia há mais de três meses, no entanto de forma imprudente e irresponsável a queimada foi feita, o fogo atravessou a cerca e queimou por dois dias e duas noites, só parando no terceiro dia com uma chuva forte que foi uma benção vinda do céu.

                                             Inicio da queimada em 19/09/2007.

Após esse triste evento resolvemos transformar nosso Sítio em RPPN - Reserva Particular do Patrimônio Natural Morro do Elefante (Apoio SOS Mata Atlântica) e não só recuperar a área queimada como também tentar trabalhar a consciência local contra as queimadas, caçadores e outras formas de devastação. Mas isso tem um preço, nem sempre é bem visto pela população local que tem hábitos arraigados e não consegue perceber que a vocação maior da Serra da Mantiqueira é a preservação. Para isso precisamos conservar os mananciais, a fauna e a flora, pois uma depende da outra intrinsecamente.
Depois disso nos inscrevemos em inúmeros projetos de recuparação de áreas degradadas e recebemos mudas de árvores nativas de várias instituições. Somamos hoje 6.700 árvores nativas plantadas nesses últimos anos e também plantamos sementes de Araucária (pinhão) em todas as safras, algumas dessas árvores já florescem e com certeza gerarão novos indivíduos aumentando assim a diversidade de nosso sítio.
      
Quaresmeira plantada em 2007, hoje exibindo suas belas florês.

 
Participamos do Projeto ProMata, recuperando uma área de 12 ha, e hoje somos contempladas pelo projeto do Governo de Minas, Bolsa Verde. Somos responsáveis por duas nascentes que brotam dentro da área da RPPN, correm pelo sítio e deságuam limpas no Rio Grande.
O Sítio sobrevive da produção de mel e cultivo orgânico de frutas de clima semi-temperado e posterior processamento em geléias e doces, bem como a desidratação de parte da produção. O trabalho é sem fim, mas nos sentimos muito felizes com os resultados. Nossos ganhos continuam sendo modestos, temos que trabalhar muito, pois ainda há inumeros investimentos a serem feitos,  mas nossos corações ficam mais leves quando observamos os pássaros e outros animais que vivem tranquilos na área da reserva.


sábado, 25 de fevereiro de 2012

Belas Paisagens.... belas poesias!























Poesia de Pedro Schlindwein



MORRO DO ELEFANTE
PEDRA NEGRA
SANTO ANTÔNIO
CACHOEIRA DO RIO GRANDE

QUE MARAVILHA
ISTO É UMA ILHA
CERCADA DE MONTANHAS
NAS ENTRANHAS DE BOCAINA DE MINAS

DUAS NINFAS APARECEM
COISAS ACONTECEM
O SOL ESCONDE-SE NA PEDRA PINTADA
NO ALTO DA MONTANHA
ESCUTA-SE O SILÊNCIO
SÓ QUEBRADO PELO VENTO



Cachoeira do Rio Grande


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

ARAUCÁRIAS



   A Araucária [Araucária angustifolia (Bertl.) Kuntze 1898] é a espécie arbórea dominante da floresta ombrófila mista, ocorrendo principalmente na Região Sul e parte do Sudeste, sendo conhecida por Pinheiro-Brasileiro ou Pinheiro do Paraná; e também pelo nome de origem indígena, Curi.
   Sua origem remonta a mais de 200 milhões de anos atrás, quando sua população se disseminava pelo Nordeste brasileiro. Conífera dióica, perenifólia, heliófita, pode atingir alturas de 50 m, com um diâmetro de tronco à altura do peito de 2,5 m. Sua forma é única na paisagem brasileira, parecendo uma taça. Ocupando uma área original de 200 mil km2, a partir do século XIX foi intensamente explorada por seu alto valor econômico, dando madeira utilíssima e sementes nutritivas, hoje seu território está reduzido a uma fração mínima, tendo diminuido em 97% no último século, o que segundo a União Internacional para Conservação e dos Recursos Naturais (IUCN) coloca a Araucária em Perigo Crítico de Extinção.
   Sua vida se estende em média de 200 a 300 anos, sua madeira é de alta qualidade e já foi de importância básica para a econômia brasileira.
   Na colonização italiana nas serras do Rio Grande do Sul, a araucária já aparece como uma das grandes fontes de renda inicial para o colono, que ao chegar da Europa, inicia a derrubada das matas, abrindo espaço para a agricultura, logo podia usar a madeira para fazer sua casa e vender o excedente para manter-se nos difíceis primeiros anos da colônia, numa região onde até sua chegada não havia senão floresta virgem. A madeira da araucária se tornou o material mais privilegiado na original arquitetura que ali floresceu, com ela se produzindo inúmeras edificações de rara beleza plástica.


   Suas sementes participavam da dieta de indígenas que ocupavam a região e salvaram muitas famílias de imigrantes italianos da fome, no fim do século XIX, integrando-se prontamente à culinária colonial, in natura ou transformadas em farinha, pães e massas, ainda hoje os pinhões agregam renda ao pequeno produtor rural. E é presença obrigatória nas Festas Juninas.

As flores femininas são estróbilos, conhecidos popularmente como pinhas, e as masculinas são amentos ou cones cilíndricos. As araucárias não tem frutos verdadeiros, ou seja, suas sementes não são envolvidas por uma polpa. Os pseudofrutos ficam agrupados nas pinhas que, maduras, assumem uma forma esférica, com um diâmetro de cerca de 15 a 30 cm, podendo pesar até 5 kg. Pinhão é a designação genérica da semente. Nos meses de maio a junho as pinhas "estouram" ao sol, espalhando os pinhões num raio de até 50 m. Mas, apesar de engenosa, esta não é a principal forma de disseminação desta notável planta.

O homem e os animais que se alimentam desse pinhão também atuam no transporte e disseminação das sementes. Quatis, pacas, bugios, ouriços, camundongos, esquilos, besouros, formigas e diversas aves se beneficiam da semente rica em amido, Vitaminas B, cálcio, fósforo e proteinas.

   A Araucária dá substrato para mais de 50 espécies de epífitas, entre plantas vasculares, musgos e líquens, e abrigo para ninhos de 23 espécies de formigas. Mantém além disso importantes associações mutualísticas com cerca de 15 espécies de fungos. A redução na população de araucárias ameaça de extinção não só sua própria espécie, mas muitos outros organismos a ela intimamente associados, como a canela-sassafrás (Ocotea pretiosa), a canela preta ( Ocotea catarineneses), a imbuia (ocotea porosa), o xaxim (Alsopila setosa), a grala azul (Cyanocorax caeruleus), o macuco (Tinamus solitarius), os inhambus do gênero Crypturelus, a jacutinga (Pipile jacutinga) e grande número de epífitas.


   Um estudo encomendado pelo Ministério do Meio Ambiente em 2002, concluiu que "a floresta ombrófila mista está no fim e, se não for criada, imediatamente, uma série de unidades de preservação, corre-se um grande risco de perder esse ecossistema.... Os raros remanescentes florestais nativos são de dimensões reduzidas, encontram-se isolados e com evidentes alterações estruturais".


   A Araucária está na lista de espécies ameaçadas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), do Instituto de Botânica de São Paulo e da Fundação Biodiversitas. Figura na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN).


   Flávio Zanette, da Universidade Federal do Paraná, relata que a presença da araucária é considerado por muitos agricultores como um entrave aos seus objetivos, quando há algumas décadas atrás os Produtores rurais plantavam a araucária, hoje eles cortam as mudas que nascem perto de alguma planta mãe, pois se deixarem crescer não poderão cortá-la quando adulta, para usar sua madeira, e a árvore ocupará um grande espaço em sua propriedade.  No Sul Mineiro onde se localiza a RPPN MORRO DO ELEFANTE, devido a proibição do corte e as multas aplicadas pelos órgãos ambientais, sem que haja uma orientação por parte das autoridades competentes, existe a mesma postura. Os produtores rurais locais, em grande parte pecuaristas não mais plantam Araucárias e esse tipo de postura já esta sendo adotado no caso de outras espécies como é o caso da Candeia (Gochnatia polymorpha).

A Araucária é protegida por lei desce 13/03/1797 Carta Régia, diante da iminente extinção várias outras leis foram criadas. A tendência recente tem sido a de proibir qualquer tipo de intervenção no bioma da araucária, mesmo na forma de manejo sustentável autorizado pela Constituição. O que não vem impedindo que a ação humana continue contribuindo para que tão bela espécie desapareça. A foto acima mostra parte de uma queimada no ano de 2011 que destruiu mais de 1000 ha no município de Bocaina de Minas em Área de Preservação Permanente, onde muitas espécies foram queimadas.

   "Todos os anos, 1% das araucárias morre naturalmente. Se não houver pelo menos 1% de natalidade, ela será extinta." Flavio Zanette


   Entre as incongruências da política oficial, apesar de sua importância e de estar em estado de ameaça crítica, há poucas unidades de conservação para seu sensível ecossistema, e o próprio governo federal brasileiro aprovou a criação da Usina Hidrelétrica de Barra Grande, na divisa da Santa Catarina com o Rio Grande do Sul, cujo lago inundou uma área de aproximadamente 8.140 hectares onde sobrevivia um dos mais bem preservados e biologicamente ricos fragmentos de floresta ombrófila mista do estado de Santa Catarina.


   A postura da RPPN MORRO DO ELEFANTE é de esperança ativa, queremos construir um mundo melhor, e nesse mundo haverá sempre Araucárias, tão nobre ser da natureza que se doa generosa a tantos outros seres. Para isso nos últimos anos plantamos mais de 100 mudas de pequenas Araucárias (Projeto Pro Mata), e todos os anos na época do Pinhão enterramos  um grande número de sementes para que outras pequenas araucárias brotem. Como não coletamos mais do que 10% das sementes produzidas no sítio, na intenção de que as sementes remanescentes possam alimentar os animais silvestres, eles também ajudam a dissemina-las. Nos últimos anos temos observado que esse trabalho tem dado resultados bastante positivos, pois existem,  em toda área do sítio,  inúmeros exemplares de Araucária de diferentes tamanhos.


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

RIO GRANDE


A RPPN MORRO DO ELEFANTE localiza-se na Serra da Mantiqueira, em meio aos contrafortes sem fim dessas belas paisagens montanhosas. Mantiqueira é um termo de origem tupi, que significa "gota de chuva", através da unção dos termos amana (chuva) e tykyra (gota). Este nome deve, provavelmente, ter sido escolhido devido ao alto índice pluviométrico da região. Verão muito chuvoso e fresco, invernos frios, secos e ensolarados.




Terras Altas com grande número de nascentes, riachos, cachoeiras. Rio Grande, um importante Rio que nasce no Estado de Minas Gerais e banha também o Estado de São Paulo, sua nascente localiza-se a menos de 2 km da RPPN MORRO DO ELEFANTE, no município de Bocaina de Minas e percorre 1360 km até encontrar o Rio Paranaiba no município de Carneirinho - MG, formando assim o Rio Paraná.


      Cachoeira do Rio Grande - maior cachoeira dentro do município.


  

Cachoeira do Rio Grande em período chuvoso

A Bacia do Rio Grande é responsável por aproximadamente 67% de toda enérgia gerada no Estado Mineiro, o volume de água é imensurável, formando uma divisa natural entre os estados de São Paulo e Minas Gerais, contribuindo imensamente para agricultura e pecuária dos dois maiores estados do Sudeste Brasileiro.



Apesar de sua grandiosidade e abundância o Rio Grande se forma de pequenas nascentes que vão acrescentando volume ao longo de seu percurso. Próximo a nascente é possivel banhar-se com tranquilidade em águas frias e cristalinas, sendo que sua profundidade não ultrapassa 50 centimetros. A RPPN MORRO DO ELEFANTE é responsável por duas nascentes que fornecem água para o Sítio, desaguando depois, limpas no leito deste valioso Rio.




No entanto, sua história não é  só de belezas e glória, pois a poucos kilometros da nascente, o Rio Grande já recebe um volume de agrotóxicos e esgoto doméstico não tratados da primeira localidade que atravessa. O descaso público, a falta de consciência da população, pouco instruída e a cultura local de jogar todos os dejetos no rio, nos sinalizam o grande trabalho que há por se fazer.





A 15 km da nascente, suas águas já se tornam turvas, devido ao desague de esgotos não tratados em suas águas.






A falta de mata ciliar também provoca o assoriamento, ficando assim suas margens desprotegidas e sujeitas a erosão.









terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Animais

Nas terras altas da Mantiqueira, onde se localiza a RPPN Morro do Elefante existe um grande número de animais silvestres, muitos dos quais são considerados em extinção. Existe uma grande necessidade que  sejam protegidos de caçadores e também que exista um "Corredor Verde" por onde  possam circular a vontade, protegidos e também onde possam encontrar alimentos.



Veado catingueiro



Muitos animais já foram vistos caminhando na vizinhança, no entanto devido as grandes extensões de pastagens na região, muitas vezes esses animais ficam expostos e fragilizados. Sem contar com a cultura local de abate-los por medo, para alimentação ou ainda por esporte.



Onça Parda ou Sussuarana



Alguns desses animais já foram vistos nos arredores, dificil a tarefa de fotografá-los. Mais fácil tentar protegê-los, para tanto mantemos a mata nativa intacta e em alguns lugares da Reserva nenhuma visita é realiza há mais de 12 anos, para que esses animais possam viver e procriar com segurança e tranquilidade. Certos animais caminham distâncias muito longas, como é o caso do Lobo Guará que já foi observado dentro da Reserva, imaginamos que talvez estejam em fuga de seus habitats naturais e que busquem regiões de mata mais densa para se protegerem.


Quati

                                                                                                                                                                               

 
   Cascavel


    A Reserva se localiza na chamada face sul, o que significa que recebe uma insolação bastante elevada, por isso um grande número de répteis, cobras e serpentes é visto com bastante frequência, principalmente nos dias secos e quentes. A Cáscavel e Urutu, são as cobras mais comuns.

                                                                                                                                           Paca


Acreditamos que parte da nossa missão nessas terras tão exuberantes e generosas seria a preservação, para tanto tentamos ser o menos invasivas, interferindo o mínimo possivel no sítio como um todo e a Reserva conserva-se intacta e soberana.


Tatu bola